Antes de mostrar os congestionamentos durante a copa na Cidade do Cabo é preciso entender que esse problema recorrente em varias cidades por todo o mundo é uma questão de ciência.
- “Dois corpos não ocupam o mesmo espaço ao mesmo tempo” Impenetrabilidade - Newton;
- Um volume de objetos presentes em um determinado espaço com mesma capacidade se encontra saturado;
- Não existe como mais objetos ocuparem um espaço limitado já saturado;
- Recursos não renováveis são finitos
As afirmações são cientificas e aplicáveis em diversas situações. É preciso entender, então, que não há solução matemática para uma equação onde a capacidade é X, mas a necessidade de presença no espaço é X mais Mil ao mesmo tempo.
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Congestionamento em São Paulo durante a copa 2010 em dia de jogo do Brasil |
Durante a copa do mundo de 2010 na Cidade do Cabo o uso do carro era necessário em alguns trechos e optativo em outros. Necessários porque moradores de determinadas regiões eram “obrigados” a se deslocarem a regiões de bolsões de estacionamentos para pegarem o transporte coletivo até as áreas do estádio e festas. E optativo porque muitas áreas já eram servidas por conexões de transporte coletivo e na área central era possível o uso do
BRT/IRT e deslocamento a pé (apenas um trecho pequeno era restrito a circulação de automóveis).
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Visualização de Rede de transporte, PVA's e Bolsões de estacionamento para Park&Ride |
A origem das viagens, divididas pelo sistema nacional férreo ou aeroporto, que parte dos torcedores chegavam nos dias de jogos, em sua totalidade exercia pressão sobre as rodovias e os sistemas de transportes. E os destinos tinham como pontos de atratividade as festas como a Fan Fest, os Public View Area (PVA – festas regionalizadas), o estádio, as regiões de bares e comemorações e as atrações turísticas fora dos dias de jogos.
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Matriz de deslocamentos em dia de jogo na Cidade do Cabo |
O primeiro trecho critico era a conexão entre aeroporto e a área central da cidade do cabo. O plano inicial era ter o BRT atendendo a área mas não foi finalizado a tempo, apenas uma conexão com ônibus e operação convencional. Com isso o volume de pessoas que tinham necessidade de sair da região era maior que a capacidade do sistema rodoviário de três faixas.
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Congestionamento do aeroporto para cidade copa 2010 |
Uma grande medida operacional inclusive que se tornou exigência FIFA era a realização de eventos regionais para que as populações afastadas da região do estádio ou Fan Fest FIFA tivessem a opção de permanecerem próximas de suas casas e não sobrecarregar ainda mais os sistemas viários e de transportes. Esses eventos chamados de Public View Area (PVA) cumpriram seu objetivo. Apesar disto a abertura atraiu muito mais espectadores do que previsto trazendo filas e congestionamentos na entrada destes PVA’s
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PVA com fila na entrada e congestionamento no dia da abertura da copa na Cidade do Cabo |
Para diminuir a pressão sobre as regiões, foram usados os Painéis de Mensagens Variaveis (PMV) para informar a população próximas para que área se deslocarem.
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Painél de Mensagem Variável indicando área de PVA lotado e sugestão para população evitar a área |
Apesar do grande êxito da
Fan Walk o excesso de veículos na área central era grande, dificultando a operação de trânsito.
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Operação de trânsito um dia antes da abertura na área central |
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Congestionamento um dia antes da abertura próximo da FanFes | t |
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Trânsito geral na Cidade do Cabo sentido centro no dia da abertura |
Como foi falado no inicio não há como um corpo ocupar o mesmo espaço que outro no mesmo intervalo de tempo. A área que uma pessoa ocupava usando seu carro seria muito menor se o uso do ônibus ou BRT fosse recorrente.
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Ônibus vazio no inicio da noite horas antes de Itália e Paraguai na Cidade do Cabo |
Fora dos horários e dias de jogos apenas a hora pico tarde costumava causar maior problema na Cidade do Cabo pós abertura. Apenas em um dia de chuva (na manhã do jogo entre Italia e Paraguai) houveram congestionamentos onde as equipes operacionais tiveram que agir para tentar minimizar esses estrangulamentos.
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Operação de transito em manhã chuvosa durante dia de copa do mundo na cidade do cabo |
Porém, o grande desafio surge ao fim das partidas. O maior problema de deslocamento de mega eventos ocorre ao termino, quando torcedores que deixam o estádio se juntam aos provenientes de outros pontos da cidade para “continuarem a festa”.
Não há operação capaz de prover fluidez se todos saírem direto para seus carros e deslocarem para áreas de atração ao mesmo tempo, como atividade noturna por exemplo. Na Cidade do Cabo isto ocorreu após jogo da Inglaterra e Argélia na Long Street – Rua de vida noturna da Cidade do Cabo.
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Visão da tela de monitoramento do JOC da Long Street ao término do jogo entre Inglaterra e Argélia |
Além dos torcedores que saíam do estádio e buscavam seus carros nos estacionamentos (Park&Ride), outra multidão vinda da Fan Fest e originária de outros pontos da cidade se juntaram criando “gargalos” e “pontos de estrangulamento” por toda a região. As equipes operacionais tinham o diagnóstico e imagens do que ocorria mas a operação ficou centrada na parte de segurança não antecipando ou realocando as massas de veículos. O resultado, além da inconveniência para os próprios turistas e moradores locais, foi a incapacidade de deslocamento das equipes de emergência e a dificuldade de controle do risco, uma vez que a região atingiu rapidamente sua saturação com veículos se misturando aos pedestres.
E qual seria a solução ? Mudar a formula. Se a capacidade não pode/deve ser alterada (até porque esta solução tem recurso finito) a pressão a ocupação viária deve diminuir.
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Espaço que ocupa o carro |
E será o que a nova série proporá, como aliviar de forma operacional parte dos congestionamentos.
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